segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sene & Blu: A Day Late & A Dollar Short

Ano: 2009
Gravadora: Shaman Works
Produtor: GODlee Barnes.
Participação: Co$ (faixa 12).

Quando Blu explodiu em 2007 com seu álbum de estreia "Below The Heavens", muitos trataram o moleque como uma das grandes promessas do rap para os anos subsequentes. Poucos imaginavam que o cara iria corresponder tanto às expectativas. Depois da sua estreia, ele esteve presente em outros dois álbuns e manteve a qualidade. Não satisfeito, John Barnes resolveu começar a produzir seus próprios beats. Lançou uma mixtape, duas beat tapes e encontrou no nativo do Brooklyn Sene o companheiro ideal para sua primeira aventura a sério. O resultado disso é "A Day Late & A Dollar Short", primeiro disco de Sene e do produtor GODlee Barnes, a alcunha adotada para a versão beatmaker de Blu.

O projeto, coincidência ou não, lembra bastante a estreia de Blu em vários aspectos. O primeiro é o formato: tal qual os clássicos produzidos nos anos 90, a divisão de tarefas é clara. Um emcee rimando, com eventuais mas raros convidados, e um produtor...produzindo. Simples, rasteiro e eficiente. Longe das tracklists com os beatmakers mais quentes do momento e uma coleção de rappers convidados que fazem discos parecerem um guia "Quem é Quem" para novatos do rap. Afastado desta orgia rapeira, "A Day Late..." dá o espaço ideal para GODlee Barnes pôr seus talentos à prova. A pressão, por outro lado, é grande: será que o moleque que impressionou a todos rimando poderia fazer isso desta vez com MPCs?

A resposta é sim. Blu tem uma estética bem própria e consegue transferir isso para o disco. A timbragem é suja, as caixas têm um feeling old school, embora não sejam necessariamente pesadas. Os samples são oriundos principalmente do jazz, mesmo que o álbum tenha saído bem menos jazzy do que se supunha depois de ouvir os primeiros beats de Blu. Ainda assim, o maior mérito do cara é ter mesclado consistência e variedade de forma satisfatória, de forma a conseguir manter o nível de qualidade durante toda a audição do álbum. No fim das contas, espere pianos à vontade, teclados, vocais femininos passeando ao fundo e um climão tranquilo permeando todo o trabalho.

Sene, por sua vez, responde aos vários outros aspectos que remetem "A Day Late..." a "Below The Heavens". À parte o flow e a voz parecidos, o moleque - outra semelhança com o Blu de dois anos atrás - toca basicamente nos mesmos temas. A aposta, embora não tão confiante e proeminente, é em relatos pessoais capazes de fazer qualquer um entre 18 e 30 anos se identificar. Um exemplo é o single "QuarterWaterSupporter", uma viagem nostálgica até o Brooklyn da infância do emcee, rememorando todas aquelas situações que nós guardamos com carinho da nossa criação.

A performance de Sene, num geral, é satisfatória. Excetuando alguns refrãos irritantes e eventuais "desaparecimentos" perante o microfone, o moleque mostra que é excelente tecnicamente. No leque de temas dos quais ele trata, destacam-se o excelente conceito de "EveryDejaVu", outra vez um golpe certeiro no jovem comum das cidades: as rimas falam das rotinas repetitivas e de como as coisas passam rápido; "WonLover", um jogo de palavras no melhor estilo "I Used to Love H.E.R."; e "Ain't No Justice", cuja argumentação do título se dá através de um storytelling bem executado. Entretanto, nem tudo é sério. O loop de um piano despreocupado em "WhyBother?" dá a sugestão do conteúdo dos versos. Falando em sugestão, "JusASuggestion" fecha o disco de maneira espetacular. Na possivelmente melhor faixa do álbum, tudo funciona à perfeição: a bateria quebrada, os samples vocais ocasionais, a guitarra cortada, o teclado...A mensagem, cheia de motivação, também é ótima.

No geral, "A Day Late & A Dollar Short" é um álbum que atinge o seu limite. Blu faz um bom trabalho como produtor e, se continuar a se desenvolver, pode equiparar seus dotes de beatmaker aos de emcee num já aguardadíssimo disco solo. Sene, por sua vez, faz o que é possível, mas escorrega em altos e baixos naturais para uma estreia. Pesa contra ele a comparação com o seu agora produtor, mas às vezes fica a sensação de que ele mesmo tomou este caminho.

Sene & Blu - A Day Late & A Dollar Short
01. PressPause
02. WonLover
03. QuarterWaterSupporter
04. WhyBother?
05. WonThousandGirls
06. SmokeRosebudsOnAshyAvenue
07. TheWonderers
08. CloudClimbers
09. EyeCry - TheBefore
10. OwlThruGotham
11. EveryDejaVu
12. Ain'tNoJustice
13. EyesDry - TheAfter
14. JusASuggestion

Vídeo de "WonLover":

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Neto Beats: NetoMix Vol. 2

E mais um participante do Concurso Boom Bap de Beats chega com trabalho na área. O Neto tem 15 anos, é de São Paulo e também foi finalista na peleja que escolheu um beat para o Ogi e foi vencida pelo DJ Zala. Esta é a segunda compilação de remixes que o moleque lança e já tá pela internet há pelo menos um mês, mas só agora esse infame blogueiro coloca o trabalho aqui no Boom Bap. Falando em blog, o Neto também tem um site, o OutroMundo, que vocês podem acessar clicando aqui. Lá também tem resenhas, entrevistas com nomes do rap nacional, etc.

Voltando para a coletânea, este volume foi lançado alguns meses depois da primeira experiência do beatmaker e, como ele mesmo disse no blog, tem um material melhor selecionado, ao contrário do primeiro, que foi simplesmente a coleção de remixes dele. O projeto incluem faixas bem conhecidas, como "It Ain't Hard to Tell", do Nas, e "Dead Wrong", do The Notorious B.I.G. Esperem ainda revisitas a nomes como Ogi, Elo da Corrente, Mobb Deep e Jay-Z, entre outros.

Enquanto o Diego 157, no post anterior, buscou sonoridades mais brasileiras, o Neto enveredou para o caminho do jazz. São vários pianos sampleados e caixas sujas. O mais legal é ver que, ainda adolescente, o menino continua aprendendo e tem tudo para, mantendo o interesse e o desenvolvimento, ser uma das boas fontes de beats do Brasil nos próximos anos. Fiquemos de olho.

Neto Beats: NetoMix Vol. 2
01 - Ralph, Rael & Jordan - Ruge Leão
02 - Jay-Z - Threat
03 - Nas - It Ain't Hard To Tell
04 - Mobb Deep - Hell On Earth
05 - Murs - 3.16
06 - OGI - Por Aí Vou Vagar
07 - Afu-Ra - Defeat
08 - Notorious B.I.G. - Dead Wrong
09 - Elo Da Corrente - Ei
10 - AXL - Uma Lágrima

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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Diego 157: Originais e Remixadas Vol. I

Diego 157 foi outro finalista do Concurso Boom Bap de Beats, mas é bem mais que isso. O cara é um dos bons nomes do rap baiano, tanto como emcee no grupo 157 Nervoso quanto como beatmaker. O novo trabalho de Diego é a mixtape "Originais e Remixadas Vol. I", na qual ele remixa alguns clássicos do rap, além de faixas nacionais. O resultado é um tempero brasileiro em canções como "The Light", do Common, e "Letter 2 My Unborn", do 2Pac. Não bastasse isso, expoentes da nova safra tupiniquim têm seus trabalhos visitados pelo produtor baiano, como Ogi, Emicida e Cabes.

O projeto serve até como uma ferramenta para "educar" novos fãs do rap. É que Diego, antes de apresentar sua versão, solta a original. Outro ponto legal e digno de nota é a quantidade de artistas nacionais remixados, algo que não é muito comum por aqui. Das 12 faixas do trabalho, oito são made in Brazil. Mas, em meio a percussões brasileiras e samples tranquilos, é a voz infantil apresentando a mixtape do pai logo no início a parte mais emblemática da parada. E foi só o início, o prelúdio para a criatividade que transbordaria até o último segundo da audição. Enfim, fiquem com os remixes de Diego 157.

Diego 157 - Originais e Remixadas Vol. I
1.Common – The Light
2.Ogi – Por aí vou vagar
3.2pac – Letter 2 My Unborn
4.Inumanos – Monstros Lapa
5.Inspectah Deck – R.E.C Room
6.AXL – Uma Lágrima
7.Daganja – Vai Buscar
8.Inquilinus – Regras e Critérios
9.Elo da Corrente – Ei
10.Emicida – Triunfo
11.Krs One – Fucked Up
12.Cabes – Diga Sim

Download

Contatos:
http://www.twitter.com/diego_157 (Twitter)
http://www.mauselementos.blogspot.com (BlØg)
http://www.myspace.com/classeabeats (Beats)
http://www.myspace.com/157nervoso (GrupØ)
http://www.myspace.com/diegocbx (SØlØ)

sábado, 17 de outubro de 2009

Entrevista: DJ Zala

O atraso desta vez é de alguns meses, mas tudo bem. O DJ Zala, para quem não se lembra, foi o vencedor do Concurso Boom Bap de Beats, e ganhou o direito de ter seu beat rimado pelo Ogi no disco que o emcee está preparando para 2010, "Crônicas da Cidade Cinza". Como parte do prêmio, o ganhador também seria entrevistado pelo blog. Acontece que esta entrevista não para por aí. Jefferson Lemes do Nascimento, 27 anos, cria do Tucuruvi, é também o organizador da Liga dos Beats, que vai acontecer hoje em São Paulo - mais informações no Per Raps.

Boom Bap: Como você se envolveu com o rap?
DJ Zala: Acho que em 2003 ou 2004, quando, pra fazer oficina de DJ, comecei a frequentar a casa de Hip-Hop de Diadema. Lá, eu aprendi muito, sou eternamente agradecido àquele lugar. Tive oportunidade de a assistir grandes shows e também de ajudar a organizar algumas festas.

Antes você só curtia as músicas, sem produzir nada, certo?
Não, além de ouvir rap eu fui pichador e depois fiz grafitti por uns dois ou três anos, e a trilha sonora desse tempo foi muito rap, principalmente rap nacional, mas eu sempre tive vontade de fazer rap.

Chegou a tentar escrever algumas rimas ou sempre se interessou pela produção?
Eu sempre me interessei por produção. Com uns 15 anos, eu comecei a trabalhar em um jornal, e eu lia três jornais por dia, dois de São Paulo e um do Rio, e era uma época em que escreviam muito sobre lançamento de discos e falavam muito sobre a cultura do sample. Polemizavam sobre a questão de direitos autorais . Lembro do caso da música "Contexto", do Planet Hemp, em que usaram sample da música "Mentira", do Marcos Valle, deu uma polêmica na época, lembro que corri atrás das músicas pra conhecer o tal ''sample''. Foi o primeiro original e sampleado que conheci...Isso acho que 1998. Quando ouvi, eu chapei. Tinha um amigo colecionador de discos que trabalhava lá, ele me mostrou a música "Mentira" e eu mostrei a "Contexto".

Você coleciona vinis? Tem noção de quantos discos tem atualmente?
Coleciono sim, estou menos viciado, mas continuo comprando discos. Acho que tenho uns mil discos. Eu trabalhei durante um tempo no sebo do Messias. Ali era impossível não pegar nada.

Já chegou a produzir algum grupo ou emcee?
Eu comecei mesmo a fazer beat há uns três anos. Eu sempre tentei fazer, primeiro no Sound Forge, depois no Acid e Logic, mas perdi tudo quando meu PC queimou. Depois disso fiquei um tempo parado, porque isso acabou tirando um pouco da minha energia. Tenho a honra de estrear com o Ogi.

Então você nunca teve grupo?
Sim, eu fui DJ do Emicida. Formamos a Na Humilde Crew, que eram eu, Emicida, Rachid, Projota, DJ MrBrown, DJ Nyack, o Enio, Djose, Marcelo. A prefeitura até nos financiou no projeto "Mais Clássicos Hip-Hop"...

E como foi esse projeto?
Foi um projeto que aconteceu em 2008, em que eu tive o maior prazer em produzir. Aconteceu quase todo na Zona Norte, organizamos oficinas de Dj, MC, Produção Musical, Beat Box e também uns 12 shows.

Falando do concurso do Boom Bap que você venceu, de onde surgiu a ideia daquele beat? O que você procurou passar com ele? Quais foram suas inspirações e referências? Primeiro, eu ouvi o sample lá na disco 7, chapei, levei pra casa, acho que durante um churrasco em casa eu mostrei pra uns MCs, que disseram: "Nossa faz que esse vai ser o single''. Fui fazer, tentando manter o groove do sample, tentando manter o peso. Quando mostrei pros caras eles disseram a mesmo coisa: ''Ficou foda, mas esse beat aí é pro KRS-ONE rimar, mano''. Respeitei a opinião dos caras.

Então você já tinha o beat antes mesmo do concurso?
Já tinha...

E o que você achava que tinha no beat que casava com o Ogi?
Estava entre dois beats pra inscrever no concurso, mas o nome do disco me ajudou a escolher esse beat. ''Crônicas da Cidade Cinza''... São Paulo é uma cidade tensa, acho que essa música tem um pouco disso.

Muitos reclamaram, falando que o sample já tinha sido utilizado anteriormente. Como você vê isso? Não vejo problema. Desde que seja feito de forma diferente, tá valendo.

Picote, loop, instrumentação. O que você prefere ou acha que casa melhor contigo? Por quê?
Eu trabalho mais com loop e picote, mas sempre acrescento algum elemento, seja tocando um instrumento ou um filtro.

Como você vê a cena de beatmaking aqui no Brasil? Quais os nomes que você mais gosta?
Acho que esta mais fácil começar a fazer, porque está mais fácil o acesso a um computador, aos softwares e ao conhecimento musical. Isso ajudou a difundir a parada. Acho que tem muita gente talentosa e dedicada. Sem ordem de preferência, admiro o trabalho do Dario, DJ Nato, Munhoz, Nave, DJ Zegon, Ganjaman, Marechal, Apolo, Caíque, Slim, DJ Marlboro, Mano Brown.

O que você acha que falta para que os beatmakers brasileiros possam começar a viver de seus beats? São poucos artistas do hip-hop que vivem bem de sua arte, com o beatmaker não é diferente. Alguns beatmakers conseguem negociar seus trabalhos no exterior, acho que essa é a boa - se conectar e vender para os gringos.

Quais são suas principais referências de produtores? O que você pegou de cada um para formar seu estilo? Eu gosto dos samples de vozes usados por RZA, das linhas de baixo do DJ Premier, Pete Rock, e da bateria de J.Dilla. Da simplicidade do Dr. Dre. Acho que Illmind e 9th Wonder bebem dessas fontes.

Como você aprendeu a produzir?
Eu estou aprendendo, mas o que ajuda muito é a troca de idéias com outros beatmakers, aprender a tocar um instrumento, aprender o inglês, ouvir originais e sampleados e transpiração.

Você disse que coleciona vinis. Qual a importância que você acha que uma boa coleção tem para um produtor? Para você, há uma vantagem entre samplear do vinil e samplear de um MP3? Acho que, independente de sua coleção estar numa estante ou num HD, pesquisa musical tem que ser essencial para o beatmaker. Acho que a grande vantagem do MP3 é o acesso. Vinil é fetiche e as vezes é caro, mas a música que sai do vinil é mais quente, é mais pesada, sem falar na arte da capa e as informações da contracapa. Mas, até ter o dinheiro para comprar, vai escutando o MP3 mesmo - e rezando pra não dar um pau no HD.

Como é o seu processo de produção de um beat?
Primeiro pesquiso os samplers, escuto, entendo, loopo e edito direto no Sound Forge 8. Passo para a MPC 1000, seleciono e experimento os timbres, gravo e finalizo no Nuendo 3.

Você toca algum instrumento?
Faço scratch.

Quais são seus próximos projetos?
Mixtapes. Estou organizando também a Liga dos Beats que será dia 17/10, no Centro Cultural da Juventude e em breve tem o Festival Hip-Hop e Cinema de São Paulo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Doncesão: Cara de Palhaço

Com três dias de atraso, mas nunca falhando, o Boom Bap traz aqui o single do Doncesão, chamado "Cara de Palhaço", que vai estar no segundo disco do integrante da 360 Graus Records, previsto para sair no ano que vem. O trabalho vai se chamar "Bem Vindo ao Circo".

E se você acha que Cesão está vindo num estilo comediante, vai se surpreender enormemente. A ideia do álbum é traçar paralelos entre o circo e o cotidiano da cidade, algo já recorrente - volta e meia alguma manifestação tem seus participantes com narizes de palhaço. Também pudera, o circo está constantemente presente nas nossas vidas, embora, na maioria das vezes, no sentido figurado. Somos feitos de palhaços nas conduções públicas, pelos patrões, nos relacionamentos, nas amizades, no jogo. Até o rap recebe tal tratamento de vez em quando - e não é raro aparecer algum clown na cena.

E é com tudo isso em mente que surge "Cara de Palhaço". Com uma levada agressiva e rimas celebrando a sua volta e atacando inimigos, Cesão manda um recado claro: ele não está para brincadeira e retorna aos palcos ainda melhor. Tudo isso sobre mais um beat viciante de DJ Caíque, simples mas bastante efetivo - tal qual "Premonição" do Ogi, o loop vai ficar grudado na cabeça dos ouvintes. Menção honrosa também para a mudança de instrumental no meio da faixa, inesperada e original.

Na verdade, o single nem brinca muito com as analogias entre o circo e a cidade; é mais uma carta de apresentação, uma verdadeira prévia do que vai vir. A julgar por este primeiro teaser, a expectativa só pode ser a mais alta possível. "Bem Vindo ao Circo" tem tudo para ser mais um dos ótimos lançamentos que o pessoal da 360 Graus Records está preparando para 2010. Aguardemos.

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sábado, 10 de outubro de 2009

BK-One: Rádio do Canibal

Ano: 2009
Gravadora: Rhymesayers
Produtores: BK-One e Benzilla (todas as faixas)
Participações: Slug (faixas 1 e 10), Brother Ali (1, 6 e 18), Haiku D'Etat (2), Raekwon (5), I Self Divine (5 e 17), Phonte (6), The Grouch (6), The Hypnotic Brass Ensemble (7), Black Thought (9), P.O.S. (11), Toki Wright (12), Aby Wolf (13), Blueprint (15), Murs (16) e Scarface (18).

Chegando já aos seus trinta anos, o Hip-Hop parece estar se deparando com um problema. Com seus instrumentais confeccionados basicamente a partir de samples, o que acontece quando as fontes começam a ser exaustivamente exploradas e aqueles artistas mais conhecidos já tiveram seus catálogos sampleados? Madlib foi à Índia em busca de novas sonoridades, o irmão caçula Oh No recorreu à Etiópia. Já o DJ BK-One, conhecido por trabalhar com Brother Ali, veio numa fonte conhecida por nós, mas que mesmo assim nunca foi tão utilizada, mesmo pelos produtores nativos: o Brasil. Em "Rádio do Canibal", o cara, com a ajuda do beatmaker Benzilla, percorre os diferentes ritmos tupiniquins para criar batidas originais e alternativas às estéticas já conhecidas dos norte-americanos.

E parece que não foi só a música brasileira que influenciou BK. O nome do álbum foi inspirado por um texto de Carlos Drummond de Andrade, "Manifesto do Canibal", no qual ele explicava como a cultura nacional tinha sua força justamente na mistura de diversas influências. Essa característica ficaria marcada mais tarde com a Tropicália, outro movimento que teve grande impacto no conceito de "Rádio do Canibal". Os depoimentos de alguns dos grandes nomes dessa fase, como Caetano Veloso, Hyldon e Tom Zé, ilustram isso.

Mas, como saiu esta mistura entre o hip-hop norte-americano e o suíngue brasileiro? O que fica claro logo no começo é que trata-se do rap se apropriando dos samples tupiniquins para alcançar novas diversidades, e não uma troca de informações entre os gêneros. Em outras palavras, a hierarquia é clara: a música brasileira servindo como matéria-prima para as batidas de BK-One e Benzilla. Em outras palavras, o retorno: uma reprodução, em forma de música, da ordem econômica do mundo: o Brasil exportando o que tem de melhor para as potências, quando poderia ter explorado melhor estas qualidades internamente.

Não encare, porém, o parágrafo acima como crítica, até porque o resultado desta apropriação é muito bom. A impressão é que o soul brasileiro contribuiu bem mais para os instrumentais, talvez por ser mais fácil de ser manipulado. Sendo assim, dá-lhe linhas de baixo cabulosas capazes de ora transportar o ouvinte diretamente para uma praia paradisíaca na Bahia, ora fazer as mundialmente conhecidas nádegas brasilianas mexerem com a graça que já conhecemos. "Here I Am" é a representante do primeiro cenário, enquanto "A Day's Work" se encarrega da segunda tarefa.

E é inegável o quanto essa confluência de ritmos soa bem. Quando instrumentos mais brasileiros ganham mais proeminência, isso fica ainda mais evidente. "American Nightmare", com uma percussão quebrada e vocais brasileiros no refrão, fecha o disco perfeitamente; o violão picotado e os metais de "Eighteen to Twenty-One" são trabalhados de tal forma que parece que os gringos sempre samplearam nossa música. Mas é em "Mega" que essa fusão atinge o ápice: com uma flauta sacanamente loopada, percussão discreta e um refrão que canta "nega" mas é manipulado para soar como o título da canção, esta faixa é, de longe, o maior destaque do álbum.

Para rimar sobre estas batidas "tropicais", BK-One também faz uma mistura: ao lado de seus parceiros Rhymesayers Brother Ali, Slug, Blueprint e P.O.S., veteranos consagrados como Raekwon, Black Thought e Scarface. Na verdade, a grande estrela do álbum são os beats, e, mesmo com um elenco estelar de emcees, a verdade é que nenhum tem uma atuação de roubar a cena: eles são apenas coadjuvantes. Ainda assim, é legal ver algumas parcerias inesperadas, como Brother Ali e Scarface em "American Nigthmare" e duas hierarquias diferentes dentro do Wu, Raekwon e I Self Divine, em "The True & Living". Mas também é recomendável destacar as performances solo de Black Thought em "Philly Boy" e da galera do Haiku D'Etat em "Mega". Negativamente, deve-se ressaltar que colocar um beat brasileiro para uma mulher cantar é indiretamente exigir que a pobre infeliz mostre a mesma graça das cantoras tupiniquins, e nisso Aby Wolf falha miseravelmente.

"Rádio do Canibal" encerra seus trabalhos com um valor que deve crescer exponencialmente nos próximos anos, graças a sua originalidade. É possível que daqui a dez anos as fontes de samples estejam cada vez mais escassas, e os gringos voltem-se definitivamente para outros países. E o Brasil vai ser um dos mais procurados, certamente. Enquanto isso, este álbum serve também como aviso para os beatmakers nacionais: vamos valorizar nossa música e, com ela, criar uma identidade para o nosso rap. Não que seja errado samplear os ótimos soul, jazz e funk dos EUA, mas se a busca é sempre por coisas novas, o ouro está bem na nossa frente. E olha que os caras nem descobriram direito o baião, o forró, o maracatu, o samba-jazz...

BK-One - Rádio do Canibal
1 Ivan Tiririca (Intro)
2 Gitititt Featuring Slug & Brother Ali
3 Mega Featuring Aceyalone, Myka 9 & Abstract Rude
4 Caetano Veloso (Interlude)
5 The True & Living Featuring Raekwon & I Self Devine
6 Here I Am feat. Phonte, Brother Ali, The Grouch
7 Tema do Canibal feat. The Hypnotic Brass Ensemble
8 Ivan Tiririca (Interlude)
9 Philly Boy Featuring Black Thought
10 Blood Drive Featuring Slug
11 A Day's Work Featuring P.O.S.
12 Face It Featuring Toki Wright
13 Love Like That Featuring Aby Wolf
14 Hyldon (Interlude)
15 Blue Balls Featuring Blueprint
16 Eighteen To Twenty-One Featuring Murs
17 Call To Arms Featuring I Self Devine
18 American Nightmare Featuring Brother Ali Scarface
19 Tom Zé (Outro)

Vídeo da faixa "Tema do Canibal":


Entrevista na qual BK-One explica o conceito do disco:

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Mr. J Medeiros: Friends Enemies Apples Apples

Ano: 2009
Gravadora: Quannum Projects
Produtor: Stro the 89th Key (todas as faixas)
Participação: Tara Ellis (faixas 1, 5, 8, 10 e 12)

"Meu nome é Mr. J Medeiros, e eu acredito no poder do amor". Gangstas de plantão, bandidos, ou mesmo simples fãs de um rap mais pesado podem torcer o nariz para um disco cuja primeira frase é a transcrita acima. Mas é com esta declaração que Mr. J Medeiros dá início aos trabalhos de seu segundo esforço solo, "Friends Enemies Apples Apples". O cara alcançou certa notoriedade por sua participação no grupo The Procussions e com o seu primeiro álbum, "Of Gods and Girls", cujo single, "Constance", trata de um tema delicadíssimo: a prostituição infantil. A faixa foi, inclusive, o pontapé inicial para uma série de trabalhos desenvolvidos por este filho de pai português e mãe escocesa.

Voltando ao disco novo, a tal primeira frase pode soar um pouco piegas, mas a qualidade de J Medeiros é inegável e vai superar as expectativas de qualquer um que tenha torcido o nariz para as palavras iniciais. O clima positivista que o cara traz para seus versos é contemplado por uma escrita bastante complexa, cheia de rimas multissilábicas e com uma sonoridade elogiável. Tudo isso dá ainda mais brilho para o flow acelerado e direto do emcee. Ouça atentamente "Target Market" e você terá o resumo perfeito das qualidades de Medeiros no microfone.

E se não bastasse a habilidade técnica, Medeiros consegue aliar isso a mensagens relevantes, numa mistura de crítica social, religião, crítica humana e incentivo. "Children", a faixa de abertura, traz no primeiro verso o abandono de um recém-nascido sob a ótica do próprio bebê - mais forte e incômodo impossível. "My Own" é a forma que Medeiros encontra para se apresentar aos ouvintes: críticas à televisão, à fama e a busca incessante das pessoas para consegui-la e o anúncio de que ele está sozinho na caminhada.

A supracitada "Target Market" vai mais a fundo na questão da TV e da fama e não deixa de mostrar a parcela de culpa da própria população. A religiosidade de Medeiros se faz presente em faixas como "Smile", na qual ele questiona a veracidade de algumas pessoas na busca pela fé. Já em "Holding On", primeiro single, a mensagem é mais branda: um incentivo para quem passa por dificuldades, mas ainda com certos elementos religiosos dentro do discurso.

Na produção, de responsabilidade do companheiro de The Procussions Stro The 89th Key, a intenção é clara: os beats são apenas o background para as rimas de Medeiros. Deixando de lado o clima jazzy característico do The Procussions, Stro emprega baterias secas e samples mais discretos para alcançar o objetivo. Ainda assim, há algumas joias para serem descobertas: "My Own" traz uma bateria sensacional, com suas caixas sujas, complementada por um entra-e-sai de samples esparsos; "Target Market" segue o investimento na bateria, dessa vez com um break espetacular; "Apples Apples" recorre a uma fórmula mais dançante, com sintetizadores e um refrão grudento, enquanto "The Balance" desce o mapa rumo a um violão brasileiro para fechar o álbum com chave de ouro.

Apesar de ser um disco curto - são apenas 40 minutos -, "Friends Enemies Apples Apples" é intenso, graças às ótimas rimas de Medeiros e aos tremas que ele trata com bastante propriedade ao longo do registro. O mais interessante é notar como o emcee consegue equilibrar forma e conteúdo e mostrar qualidades nos dois âmbitos. A produção é competente e cumpre seu papel sem sobressaltos, mas poderia ter sido um pouco mais ousada. Outro ponto recorrente do disco, os refrões de Tara Ellis perdem-se em altos e baixos. Ora funcionam, ora prejudicam. No mais, é um bom álbum, sobretudo por causa da força de Medeiros.

Mr. J Medeiros - Friends Enemies Apples Apples
01. Children
02. Last Stars
03. My Own
04. Target Market
05. Holding On
06. K38
07. Apples Apples
08. W.A.N.T.S.
09. Smile
10. Left Me
11. Brutus
12. The Balance

Vídeo da faixa "Holding On":

domingo, 4 de outubro de 2009

Black Sunn: The Sunn is Black EP

Ano: 2009
Gravadora: independente
Produtor: Damu the Fudgemunk
Participação: 810 (faixa 6)

Black Sunn é um moleque de 19 anos, de Baltimore, nos Estados Unidos. Mais um prata da casa nesse jogo do rap, o cara lançou seu primeiro trabalho gratuitamente na última semana. "The Sunn Is Black" é um EP, um aperitivo para o primeiro disco da criança, que deve sair ainda em outubro, e se chamará "GodSound". E, para dar o primeiro passo nesas difícil caminhada rumo aos milhões, às belas mulheres e aos carros de última geração, ele decidiu usar beats disponíveis da internet de um produtor extremamente talentoso. Não foi o Pharrell, nem o Kanye West, muito menos o Dr. Dre. O escolhido foi o beatmaker predileto deste blog atualmente: Damu the Fudgemunk.

Aproveitando-se da benevolência de Damu, que nos últimos anos ofereceu a nós, pobres mortais, dois álbuns instrumentais gratuitos, Black Sunn pegou cinco batidas para rimar suas experiências de vida, seus pensamentos, suas vontades. Não espere um Nas, que com a mesma idade fez "Illmatic", mas fica claro que o moleque tem potencial para dar bons trabalhos ao Hip-Hop. O primeiro indício disso é que ele dá espaço a bons temas, muitos bastante ligados à arte de fazer música. É assim em "4eva (This Is...)", na qual ele fala sobre a eternidade a que estão condenados seus raps, cita disco do A Tribe Called Quest e admite: "Ainda estou tentando entender a vida em sua essência".

A dificuldade em conciliar a missão no rap às outras tarefas casuais é retratada em "Puttin In Work", assim como o manifesto de apresentação de Black Sunn, em "Who I Am". Entretanto, algo que ajuda bastante o moleque a se destacar é, sem dúvida, a produção indireta de Damu. Quem ainda não ouviu nada sobre o cara, precisa correr atrás imediatamente. Com caixas pesadas e uma elegância que descende diretamente do grande Pete Rock, o beatmaker garante a cabeça de qualquer um balançando durante os 20 minutos do EP. "The Prelude" evoca pianos jazzísticos e bateria sujíssima; "Who I Am" mexe com um sample já conhecido por fãs mais atentos, "Puttin In Work" apela a metais certeiros, e "So Alive", não bastasse o loop contagiante, vai fazer você ficar seguindo a linha de baixo com a boca no meio do ônibus - eu sou exemplo disso.

As dúvidas que pairam sobre Black Sunn é se ele vai poder carregar um álbum inteiro nas costas, provavelmente com outro tipo de produção. A grandeza dos beats de Damu encobre um pouco os pontos mais débeis do rapper - o flow principalmente. Será que as batidas guardadas para "GodSound" vão auxiliar o moleque? Será que poderemos notar alguma evolução entre EP e disco?

Black Sunn - The Sunn is Black EP
01. The Prelude (GodSound)
02. 4eva (This is...)
03. Puttin' In Work
04. So Alive
05. Who I Am
06. No Sleep

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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ogi: Premonição

Como divulgado nos últimos dias no Twitter, aqui está o single "Premonição", do álbum de estreia do emcee paulistano Ogi, chamado "Crônicas da Cidade Cinza". Esta primeira faixa é um aperitivo do que poderemos encontrar no disco, que tem previsão para sair no começo de 2010, pela 360 Graus Records: estórias sobre o cotidiano de São Paulo, a tal cidade cinza. E ninguém melhor para relatar os acontecimentos da metrópole do que Ogi, integrante do Contrafluxo e um dos caras mais consistentes no rap brasileiro atualmente. Basta ver as recentes participações dele e perceber: ele roubou a cena em todas.

Em "Premonição", o mote das letras é, segundo o próprio Ogi, sobre pichação, uma narrativa de um sentimento comum a ele nos seus tempos de pichador. Aquela angústia, aquele frio na barriga antes de fazer algo legalmente errado mas pessoalmente satisfatório. E é essa dúvida que carrega o single e faz as rimas de Ogi transcenderem o próprio tema. No fim das contas, são versos que podem fazer com que qualquer um se identifique e pense numa situação semelhante, em que esteve receoso de dar um novo passo na vida, equilibrando-se numa linha tênue entre o desafio e o medo.

E toda essa divagação e o clima soturno de um Ogi solitário na rua vendo, indeciso, os "companheiros" partirem para a missão são facilmente traduzidos no beat de DJ Caíque. O loop empregado é emblemático: ele vai colar no seu ouvido tanto quanto o refrão, mas não perde a sujeira e aquele toque turvo proporcionado pela narrativa. Já adianto as desculpas pelo trocadilho infame, mas a premonição que tenho com este single é que o começo de 2010 nos brindará com mais um ótimo disco nacional e mais estórias para passarmos para nossos amigos numa noite fria.

E, não bastasse a opinião deste escriba, os leitores do Boom Bap ganham, de quebra, depoimentos daqueles diretamente envolvidos na criação do single. Desde os protagonistas Ogi e Caíque até o criador da arte do single, Pifo, passando por aqueles privilegiados que ouviram o resultado final em primeira mão. Confira o making of de "Premonição":

Ogi: “O conceito desta faixa foi inspirado no que eu vivi no tempo em que fazia pichação. Eu sentia que ia dar errado, mas mesmo assim ia. Foi o que procurei passar nesse som. Algumas pessoas acham que se trata de alguém me chamando para ir roubar, outros acham que é para usar drogas. Esta ambigüidade foi proposital, mas não é uma canção com muita analogia ou metáfora, é algo mais direto. Escrevi a letra para que mesmo as pessoas que não tenham ligação com o picho possam se identificar com a mensagem. Logo em seguida, vem uma faixa chamada “Noite Fria”, que fala justamente de uma incursão de picho que dá errado.

Eu pirava muito em picho, desde moleque, achava foda a escrita. Foi o que me colocou na rua, onde eu aprendi o que era maldade, o que me deu experiência. Fiquei nessa vida direto de 1995 a 1999. Lembro que íamos pichar ouvindo rap, músicas como “Tá na hora”, do Consciência Humana, e “Durma com os anjos”, do Produto da Rua. Mas, para escrever, estes sons não me influenciaram. O que vivi me influenciou. Quis retratar o que senti muitas vezes, os caras enchendo o saco para eu ir, aquela angústia, o medo, aquela voz falando para eu não ir. Engraçado que no som eu cito o que não fiz, porque nunca ouvi o meu sexto sentido. Eu sempre ia, mesmo prevendo que algo fosse dar errado.

Eu gravei ‘Premonição’ há uns 15 dias, sozinho, na minha casa. Eu mesmo vou lá, aperto o rec e corro para o provador. Sempre gravei só. Eu gosto, porque fico mais solto, posso repassar, me sinto mais à vontade. O beat eu peguei com o DJ Caíque, eu tinha a ideia, mas não tinha o tema. Assim que ouvi a batida, veio a melodia na minha cabeça , a frase ‘vai na fé, nunca se esqueça’. E a partir daí eu desenvolvi a música.”

DJ Caíque: “Eu fiz o beat em janeiro de 2007. Eu faço as batidas para mim mesmo, nunca fiz para os outros. Sai algo mais pesado ou mais tranqüilo dependendo de como eu estou no dia, do que estou escutando. Não faço pensando em alguém. O processo foi como o de todos os outros: eu fico escutando os discos, quando curto uma parada, eu pego e tento fazer um instrumental com aqui.
O Ogi pegou a batida naquela época mesmo, e só foi sair agora. Lembro que ele falou: ‘Já era, é meu, tomei!’ (risos). Eu tenho acho que quatro beats no disco dele, e ‘Premonição’ é a mais antiga, todas as outras são recentes.
Eu gostei bastante do resultado, o Ogi encaixou uma levada para o beat que ficou foda demais. Dificilmente um cara faz isso, e ele tem esse dom. E não é só o flow, é a letra, a ideia...”

Munhoz aka Prof. M.Stereo: "Beat sinistro e soturno do DJ Caíque, perfeito pra balançar a cabeça, casa perfeitamente com a narrativa cheia de ambivalências de Ogi. Do primeiro ao último minuto dessa crônica extremamente urbana, uma dúvida paira no ar: 'Do que ele exatamente está falando?'. O protagonista, em dúvida, se questiona, apesar da insistência de seus parceiros. Ele resolve seguir sua intuição e desiste da missão. Será foi a escolha certa? 'Vai na Fé irmão, nunca se esqueça'."

Rodrigo Brandão: "Ogi é sem dúvida o MC mais talentoso a surgir na cena nesses últimos cinco anos, e a notícia de um disco solo do cara é mais que bem vinda. Falo por mim e todos aqueles com ouvidos apurados, que não acreditam no hype, nem levam gato por lebre. Por isso, escutar a primeira faixa desse trampo a ganhar as ruas me gerou muita satisfação. Além de ser um rap assassino, diamante em estado bruto que não precisa de lapidação, 'Premonição' é o prelúdio, a preparação pro que está por vir, e que há de prevalecer!"

Kamau: "Esse som é um bom indício do que está por vir. Mesmo. Ogi comprovou a maturidade que eu já percebi desde o "Superação". Levada e rima bem combinadas e história muito bem desenrolada. Se essa é só a Sinopse, quero ler cada capítulo dessas 'Crônicas'."

Pifo: "Tentei alinhar meu trampo com o beat e a ideia que ele fala na música, e é classe, porque a gente é truta, fica mais fácil e natural, não rola a ideia 'eu quero desse jeito', a ideia fica mais no 'olha o som novo que eu fiz'. Uma coisa legal, também, é que nossos trampos estão mais maduros, e o que importa mesmo no fim das contas é poder fazer os trampos com os amigos e essa idéia de 'conceito' acaba ficando em segundo plano."

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